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Descoberta da Doença Celíaca e Vida Pós Diagnóstico
11.maio.2021Maio é o mês de conscientização de duas situações de saúde: a Doença Celíaca e as Alergias Alimentares.
O processo de descoberta do diagnóstico e a aceitação da doença celíaca costumam ser longos.
A boa notícia: encarar de frente e seguir a dieta salva vidas.
O corpo mostra diversos sinais que algo está errado. Problemas no trato gastrointestinal, pele, fígado, sistema nervoso, sistema reprodutivo, ossos e sistema endócrino, dentre tantos outros.
Inicia-se uma peregrinação em diversos profissionais de saúde, onde são tratados os sintomas, sem respostas para a causa de tantas coisas.
E então, em um determinado momento, como numa bênção, cai nas mãos de um profissional com o conhecimento adequado para uma investigação mais profunda. Eis a descoberta do diagnóstico: doença celíaca.
Aí você fica sabendo que, além de a condição não ter cura, o único tratamento é abolir o glúten, tanto da dieta quanto de produtos de higiene e cosméticos.
Cosméticos? Sim!
E agora, como faz pra sair pra jantar, tomar café com os amigos? Haverá compreensão e suporte da família?
A doença celíaca demora cerca de 5 anos para ser diagnosticada. Ela é pouco estudada durante a formação dos profissionais de saúde. Enquanto isso, o corpo vai sofrendo as consequências. Inclusive, há relatos de óbitos de crianças e adultos que não foram diagnosticados a tempo de fazer a dieta corretamente.
Diante de tanto impacto na vida pessoal, social e de hábitos que a descoberta do diagnóstico da doença celíaca traz, inclusive da aceitação de alteração da alimentação e dinâmica da vida, não raro, além de acompanhamento médico e nutricional, há a necessidade de suporte emocional.
Como reagir a todo esse turbilhão de sentimentos?
Cada um tem uma realidade, uma estrutura no seu entorno, seu tempo de digerir as informações.
Trouxemos dois depoimentos, de mulheres celíacas, que dividem conosco suas jornadas até a descoberta do diagnóstico, o processo de aceitação e como isso mudou suas vidas.
São duas experiências muito diferentes, que mostram algo em comum: o diagnóstico de Doença Celíaca.
Depoimento:
Cristiane Peroni, celíaca, moderadora do grupo do Facebook “Viva Sem Glúten”. Franca/SP
“Existe vida após a Doença Celíaca?
Desde criança, sempre fui muito alérgica (espirros, coceira, olho inchado fizeram parte da minha vida). Na adolescência descobri os ovários micropolicisticos, menstruação desregulada, TPM severa, problemas renais. Crises de asma e bronquite eram constantes! Na gravidez tive pré eclampsia e meus filhos nasceram prematuros. Há alguns anos descobri que tinha endometriose e sentia cólicas horríveis.
Em 2014 tive pólipos na vesícula e tive que fazer cirurgia. Em 2015 comecei a sentir tonturas e zumbido no ouvido, tratei como labirintite, mas não melhorei. No final de 2016 e início de 2017 comecei a me sentir muito cansada, desanimada, com medo de tudo, tive crises de ansiedade, cheguei a pensar que estava no início de uma depressão. Sono agitado, acordava exausta.
Meu intestino nunca, nunquinha funcionou sozinho. Sentia muita dor na barriga, gases e mal estar. Os médicos sempre me diziam que era estresse. Até que em julho de 2017 eu comecei a ter crises constantes de vômito e diarréia, além de ficar com a mente confusa como se minha cabeça não estivesse no meu corpo.
Foi aí que procurei um gastro e após vários exames recebi o diagnóstico.
Cheguei em casa e “mergulhei” em tudo que eu achava sobre o assunto. Comecei a participar de grupos, li vários artigos, recebi orientações de pessoas maravilhosas. Senti até um certo alívio, porque finalmente eu tinha descoberto a causa de todo meu sofrimento. Tirei o glúten da minha casa, da minha vida… Passei a fazer minha própria comida. Aprendi a cozinhar coisas que nunca antes tinha me imaginado ser capaz. Aprendi a me alimentar de forma saudável.
E o resultado: recuperei minha saúde, minha sanidade, meus sonhos! Nessa jornada fiz amigos incríveis, abracei a causa celíaca e segurei bem firme as rédeas da minha vida!
Então voltemos à pergunta: Existe vida após a DC? Sim, depois que a “doença se torna saúde”, aí você começa a viver, uma vida linda. E quando me questionam se não sinto vontade de comer um pão francês, uma pizza ou macarronada, respondo que eu sinto é vontade de viver… viver uma vida plena e cheia de saúde!!”
Depoimento:
Vanessa Damasceno, celíaca. Valparaíso de Goiás/GO
“Meu diagnóstico de DC foi totalmente aleatório. Sou DC assintomática, nunca senti nada ao comer. Mas cheguei num momento que pesava mais de 150kg e não emagrecia por nada.
Fiz, por acaso, um exame de alergia (aquele que fura na pele) e o resultado alterou demais quando da gota com trigo.
Fui ao nutrólogo para começar uma série de exames e ele pediu o de sangue para glúten e lactose. Deu altíssimo, num exame que positiva acima de 30, o meu passou os 150.
Me senti totalmente perdida quando do diagnóstico, acreditei que nunca mais comeria nada, chorei por dias e me lamentei por anos, porque não tive a proatividade de procurar um psicólogo.
Não fazia ideia do que era DC antes do meu diagnóstico. Diria que seria impossível comer sem glúten inclusive
Demorei a entender minha condição, demorei a entender como me sentia sobre comer da forma certa também. O fato de ser assintomática também é um fato que jamais vou sentir se me contaminar, nem de forma cruzada.
Minha relação com as pessoas foi o que mais mudou, inclusive meu posicionamento frente ao mundo..
Não vai mais a qualquer lugar e nem na casa de qualquer pessoa. Prefiro que as pessoas estejam no meu espaço.
Na minha casa mudou a forma como a comida é feita e armazenada. Sempre tiro um dia pra fazer minha comida, porcionar e congelar.
Hoje eu entendi minha condição, cozinho para mim da melhor forma possível.”
Se você ou alguém da sua família é celíaco, conta pra gente: como foi todo esse processo de descoberta? Quer dividir com a gente?
Por Bárbara Oliveira, para a Mandala Comidas Especiais
Gostei do conteúdo.
Muito obrigada Renata!